segunda-feira, 29 de julho de 2013

ASSIM SURGIU LONDRINA - A PRIMEIRA CARAVANA - PIONEIROS DE VERDADE

A primeira caravana

Ignes Dequech Álvares*
Oitenta anos separam Londrina e sua valorosa gente do dia 21 de agosto de 1929, data em que a história registra a chegada da Primeira Caravana da Companhia de Terras Norte do Paraná (CNTP), subsidiária da “Paraná Plantations Ltda.”, fundada pelos ingleses.
Honrado pelo convite do então gerente administrativo da Companhia, Arthur Thomas, o jovem paulista de ascendência inglesa George Craig Smith partiu de Ourinhos na madrugada de 20 de agosto de 1929, chefiando a caravana composta por funcionários da CTNP, com destino à região balizada pelo curso dos rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí. Em Cambará, conhecida na época como a “Boca do Sertão”, juntaram-se ao grupo Alberto Loureiro e sua turma de trabalhadores, completando, assim, a caravana. Integravam o grupo de corajosos e intrépidos pioneiros: George Craig Smith, chefe da expedição; Alexandre Razgulaeff, engenheiro; Spartaco Bambi, topógrafo; Alberto Loureiro, empreiteiro; Joaquim Benedito Barbosa, empreiteiro; Erwin Fröelich, auxiliar; Geraldo Pereira Maia, peão, e outros trabalhadores anônimos.
As dificuldades enfrentadas pela caravana foram imensas. A estrada de Ourinhos a Jataí era poeirenta e esburacada. Não havia pontes. Com fé e coragem, os pioneiros transpuseram o leito de pedra do Rio Congonhas com o caminhão totalmente carregado de equipamentos e provisões. Em Jataí, o caminhão foi descarregado e sua carga foi transportada em toscas canoas feitas de troncos de árvore, que iam e vinham de uma margem à outra do Rio Tibagi.
Transposto o rio, toda a mercadoria foi acomodada nos lombos dos animais, e iniciada a longa e sofrida caminhada dos últimos 22km, numa picada escura e lamacenta no meio da mata. Assim foi que, na tarde do dia 21 de agosto de 1929, a primeira caravana chegou à divisa das terras adquiridas pela companhia, abrindo aí uma pequena clareira em meio à densa floresta, onde foi fincado o primeiro marco, o “Marco Zero”, símbolo da fundação de Londrina.
Iniciava-se, então, a missão de desbravamento das terras da companhia, e nascia o mais importante plano de colonização do Brasil e talvez um dos mais bem planejados e executados em todo o mundo.
É importante mencionar que nos primeiros anos da década de 20, quando esta região era habitada somente por indígenas, já circulavam por aqui corajosos desbravadores e trabalhadores, abrindo grandes fazendas, plantando café, desenvolvendo tentativas de colonização.
Entretanto, o racional projeto da Companhia de Terras Norte do Paraná, que desenhava a ferrovia rasgando as terras de leste a oeste e as dividia em pequenos lotes com preços acessíveis aos compradores, foi determinante para a chegada de milhares de homens e mulheres. Eles traziam algum dinheiro no bolso e um grande sonho no coração e escreveram, com bravura, a história da nossa terra, que cabe a cada um de nós continuar escrevendo.
Como homenagem aos pioneiros, personagens dessa história de determinação e coragem, no próximo dia 18 de setembro os alunos da Escola Municipal de Teatro apresentarão a peça “A Caravana Pioneira” no exato local onde ela chegou, o Marco Zero, em espetáculo ao ar livre, com direção de Silvio Ribeiro e roteiro de Apolo Teodoro.
*Ignes Dequech Álvares é presidente da Associação dos Amigos do Museu Histórico de Londrina (Asam)

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