terça-feira, 17 de julho de 2018

LONDRINA: AS PRIMEIRAS IGREJAS DÉCADA DE 30

JOSÉ ROBERTO REALE

É fácil acreditar que, no Brasil de antigamente – um país predominantemente católico –, a primeira comunidade religiosa que se organizava num lugar novo, ou o primeiro templo que era erguido, era da Igreja Católica. Em Londrina, não foi isso que aconteceu. A primeira igreja fundada na cidade, em 4 de dezembro de 1933, foi a Metodista. A criação da primeira paróquia católica se daria apenas em 11 de março de 1934.
Naqueles primórdios, a população católica da cidade crescia rápido, com a chegada de colonos e trabalhadores de São Paulo e de imigrantes italianos. Como a paróquia mais próxima tinha sede em Sertanópolis, as famílias reclamavam a criação de uma paróquia em Londrina. A CTNP, empenhada em atender esse anseio da população, transmitiu essa solicitação à Cúria da Diocese de Jacarezinho, à qual Londrina pertencia.
Em novembro de 1931, a convite da CTNP, o padre Erasmo Raabe visitou Londrina e colheu informações sobre a localidade. Em 9 de março de 1934, o bispo de Jacarezinho, D. Fernado Taddei, veio a Londrina acompanhado dos padres palotinos Erasmo Raabe e Carlos Dietz, para instalar uma paróquia. No dia seguinte, 10 de março, o padre Carlos Dietz celebrou o primeiro matrimônio católico da cidade, entre Orlando de Castro Palma e Theresia Matiasse. A cerimônia foi realizada numa casa de madeira alugada, na esquina da atual Avenida Paraná com a Rua Professor João Cândido, onde hoje funciona uma agência do Banco Real. A paróquia foi instalada provisoriamente nesse local. O padre Carlos Dietz foi nomeado primeiro vigário de Londrina.
Em 11 de março de 1934 foi oficialmente criada a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, que é hoje a paróquia da Catedral de Londrina. O padroeiro foi uma sugestão de D. Fernando Taddei. O grande desafio, então, passou a ser a construção de uma igreja.
Para tanto, a CTNP doou um terreno no ponto mais alto do lugarejo. Nesse local se encontra hoje a Catedral. Ali foi celebrada, em 10 de abril de 1934, domingo de Páscoa, uma missa campal para abençoar o lugar onde seria edificada a primeira Igreja Católica de Londrina – como pode ser visto nesta fotografia de José Juliani.
A missa campal teve a presença de autoridades, grande número de fiéis e da banda municipal. Para demarcar o local, foi afixado um cruzeiro de madeira com sete metros de altura, confeccionado e doado pelo pioneiro Eugenio Brugin.
A igreja começou a ser construída em abril de 1934 e demorou pouco mais de quatro meses para ficar pronta. Muitos voluntários ajudaram na construção. A planta foi doada pelo sr. Willie Davids, então diretor técnico da CTNP. Em 19 de agosto de 1934, com uma missa presidida pelo padre Carlos Dietz, a igreja foi inaugurada.

FOTO LONDRINA ANOS 60

wilson vieira postou




sábado, 14 de julho de 2018

CAMINHOTO O PAI DO CINEMA NO NORTE DO PARANÁ

FOLHA DE LONDRINA

O homem de cinema de Londrina é mesmo Antônio Augusto Caminhoto. Ele foi o responsável pela abertura, em 28 de junho de 1934, da primeira sala do município, e também do Norte do Paraná, voltada exclusivamente para a exibição de filmes. Batizado de Cine Londrina, o cinema exibiu em sua estréia o filme mudo ''Daniel na Cova dos Leões'', ao som de um conjunto de músicos. ''A música nessa época era produzida ao vivo. Eu me lembro que meu pai contava de um senhor que tocava violino e de outro que tocava acordeom'', recorda Julieta Caminhoto Rotondo, filha do pioneiro do cinema. 
Ela destacou ainda as reações que a novidade despertava nas pessoas. ''O cinema era uma coisa nova. Todos se surpreendiam sempre. Era comum as pessoas se esconderem ou fugirem da sala quando, por exemplo, mostravam um trem indo em direção a tela'', disse a filha de Caminhoto. ''Certa vez um rapaz caiu da cadeira com o susto que levou com o filme'', destacou. 
Além do primeiro Cine Londrina, que após sucessivas reformas viria se a tornar Cine Avenida (1940) e terminar seus dias de glória como Cine Brasília (1958), Antônio Augusto Caminhoto foi proprietário de salas em várias cidades do norte do Estado. ''Meu pai veio pra região com a idéia fixa de montar cinema. Ele ficou com a máquina de arroz por muito pouco tempo, porque a poeira que saía do beneficiamento do arroz fazia muito mal para seus olhos. Eu posso dizer que ele uniu a necessidade com a vontade'', destacou Julieta Caminhoto. 
Ainda em Londrina, Antônio Caminhoto comandou também o Cine Teatro Municipal, de Satoro Nishiyama, na avenida Rio de Janeiro (atual Centro de Referência do Artesanato, o Cereal) transformando-o em 1956 em Cine Jóia, um dos mais populares cinemas da cidade, principalmente por causa de sua programação regada a Mazzaropi e ''bang-bang spaghetti'', além é claro do preço, na época, o mais barato. Com isso, o cinema era frequentado por muita gente, e até um cognome carinhoso aos seus frequentadores foi criado, o ''Playboy de Vila''. 
Aliás, o cinema era um dos mais lucrativos da Empresa Caminhoto de Cinemas, tendo sido responsável pelo capital acumulado para a construção de salas em Ibiporã (Cine Radar), Uraí (Cine Uraí), Assaí (Cine Assai), Cambé (Cine Recreio) e nos municípios de Rolândia (Cine Bandeirantes), Cianorte (Cine Iguaçu), Terra Boa (Cine São Luiz), entre outros. Mas, a ''Jóia'' da família Caminhoto teve seu fim decretado de forma trágica, por meio de um incêndio na madrugada do dia 10 de novembro de 1975, depois de quase 35 anos de funcionamento. ''Foi uma tristeza quando o Cine Jóia queimou. Até hoje não sabemos se o acidente foi acidental ou proposital. Não gosto nem de lembrar'', aponta Julieta. ''Mas o grande xodó de todos era mesmo o Augustus''. 
De acordo com a filha de Caminhoto, o Cine Augustus, também construído com parte do lucro do Jóia e dos empreendimentos imobiliários que a família mantinha, é o cinema mais querido, não apenas de sua família, mas de todos aqueles que frequentaram sessões de cinema em Londrina. ô Eu cheguei a chorar quando decidimos fechá-lo", lembrou Julieta Caminhoto. 
O Cine Augustus foi inaugurado em 19 de setembro de 1963 com o filme ''El-Cid''. A produção, estrelada por Charlton Heston e Sophia Loren, marcava assim a abertura da primeira sala do País a contar com projeção em 70 mm - Todd AO, que permitia uma imagem mais nítida numa tela de 20 metros de comprimento e 19 de largura. Curiosamente, o cinema, que contava ainda com aparelhagem importada da Itália e 1.500 poltronas estofadas em declive, foi aberto apenas dois dias antes da inauguração da primeira emissora de TV do interior do País.''A televisão, aliada à baixa qualidade das pornochanchadas brasileiras, que a lei nos obrigava a exibir por determinado número de dias, ajudaram a tirar o público dos cinemas'', explicou Julieta. 
Porém, ainda que a televisão tomasse cada vez mais os telespectadores da sala escura, Antônio Caminhoto abriu ainda, na década de 1970, o Cine Espacial, na Vila Nova, seu segundo cinema fora do Centro - o primeiro havia sido o Cine Marabá, na Vila Casoni, na década de 1940 e de curtíssima duração. ''A televisão quando veio, foi pra ficar mesmo. Eu fiquei sabendo que na época em que o Augustus fechou, São Paulo perdeu cerca de 60% de suas salas. Isso mostra que não foi uma realidade apenas local'', acrescentou Julieta. ''As pessoas preferiam ver as novelas a arriscar uma sessão nos cinemas''.


Luiz Bartelli Jr.
Especial para a Folha2

segunda-feira, 4 de junho de 2018

sexta-feira, 11 de maio de 2018

DAVID SCHNAID ADVOGADO E PROFESSOR EM LONDRINA

FOLHA DE LONDRINA

David Schnaid, advogado e professor admirado pela erudição e gentileza


Fundador da Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Londrina (UEL), David Schnaid veio para o Paraná construir do zero uma vida cheia de realizações. O advogado e professor era conhecido por dois traços marcantes: a erudição e a gentileza para com todos. 

Nasceu em Pelotas (RS), em uma família de quatro irmãos. Estudou Direito em Porto Alegre (RS) e, formado, casou-se com Marta Boritman de Schnaid em Buenos Aires, capital argentina, antes de vir para Rolândia, em 1951. "Ficou na casa da tia Sara, que acolheu ele e mamãe quando não tinham nada. Até as alianças de casamento as tias se juntaram para comprar", conta a filha Betina Schnaid.


Foi pioneiro no ramo de advocacia em Rolândia. Mudou-se com a família para Londrina em meados da década seguinte, mas manteve o escritório na cidade vizinha e viajava todos os dias para trabalhar. "Rolândia é nossa segunda casa", diz Betina. 

Advogado das antigas, seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem apenas três números, conforme sua carteira funcional. Em Londrina, manteve um escritório no Calçadão, onde passava todos os dias para trabalhar chamando os engraxates pelo nome e convidando-os para tomar café na padaria. "Para ele, não havia diferença se a pessoa era prefeito, juiz ou engraxate", diz a filha. 

Professor universitário da faculdade que ajudou a fundar, David era titular das cadeiras de Direito Constitucional e Filosofia do Direito da UEL, onde lecionou até 1994. Como amante das artes, gostava de pintar e ler e amava o Cine Teatro Ouro Verde e a Orquestra Sinfônica da UEL (Osuel). 

Mas a grande paixão, conta Betina, era a própria vida. "Ele amava os vizinhos, os alunos, as pessoas. Achava beleza em tudo. Não precisava ir à Colômbia ou à China para achar a vida bela. Admirava até as flores dos jardins do prédio. Era uma pessoa de bem", diz a filha. 

Aos 96 anos, David viajou com a filha em setembro, para celebrar o Ano Novo Judaico – retornaram da Colômbia em 5 de outubro. O caçula da família gaúcha era o último dos quatro irmãos ainda vivo e foi o patriarca da família por 14 anos. 

David Schnaid morreu na terça-feira (14), em Londrina, de causas naturais. Deixa as filhas Betina e Fabiane Schnaid e uma legião de admiradores. 

O Portal Bonde publica obituários todas as quintas-feiras. O leitor que quiser homenagear alguém nesta seção, pode entrar em contato pelo telefone (43) 3374-2151, de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. O obituário é gratuito.

Luís Fernando Wiltemburg - Redação Bonde

sábado, 21 de abril de 2018

FOTO HISTÓRICA DE LONDRINA

Acervo: Família Carvalho/ Londrina Memória Viva

Balsa na travessia do rio Tibagi, início dos anos 1950: Dr. Arvid Augusto Ericson (segundo da esquerda para a direita); José Leite Carvalho Filho (terceiro da esquerda para a direita) e Mario Melo (sexto da esquerda para a direita), entre outros, em foto de Oswaldo Leite;

FOLHA DE LONDRINA