MINHAS HISTÓRIAS NO RÁDIO
O frio sempre foi inimigo dos locutores. Em tempo de inverno as gargantas sofrem e ficar rouco é muito fácil. Na locução esportiva a simples mudança de ambiente, muitas vezes, complica. Nas viagens para regiões diferentes, os locutores precisam estar sempre atentos. Nunca é demais levar as pastilhas costumeiras ou outro tipo de medicamento preventivo. Qualquer "arranhão" e eles entram em ação.
Peguei frio de 3 graus negativos na Copa América do Chile, em 1991 e num amistoso da Seleção Brasileira na Holanda, em Rotterdan, em 1988. Era o frio seco, menos nocivo. Não houve problema.
Em 1995, no Uruguai, durante a Copa América, todos os radialistas ficaram doentes. Era o frio úmido. O frio molhado mesmo. Temperatura abaixo de zero e uma garoa intermitente.
Em Rivera, sede da primeira fase, trabalhávamos ao ar livre. O estádio, construído às pressas, não tinha cobertura. E era a chuva por cima e o cimento gelado e molhado por baixo. Sofrimento total.
Num jogo em Maldonado, mais ao sul, quando saímos do estádio, já de madrugada, tivemos que raspar o gelo que cobria o pára-brisa do carro.
Não pude transmitir o jogo final, em Montevidéu. A voz não saía. E no fim do torneio, a triste volta. Nosso grupo parecia uma orquestra de um só instrumento: a tosse. Todos adoeceram. O meu saldo negativo foi maior. Por causa de uma laringite aguda, fiquei 40 dias sem falar, sem trabalhar. Depois dessa, Uruguai em tempo de inverno, nunca mais!
JOTA MATHEUS