Livro conta história de Londrina com fotos
Em um dos capítulos, a obra “conserta” um erro reproduzido nas últimas décadas, o de que a Avenida Higienópolis era, na própria origem, aristocrática
- Juliana Gonçalves
- jgoncalves@jornaldelondrina.com.br
Prestes a completar 80 anos, Londrina tem muito a comemorar. Um dos
motivos é a sorte de ter preservado, em imagens, boa parte da própria
história. Fotografias guardadas desde a chegada dos primeiros
colonizadores ajudam a recuperar fragmentos históricos da cidade e são,
também, a matéria-prima de mais um livro organizado pelo professor do
departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Paulo Boni. O lançamento será às 20 horas da próxima quinta-feira, no
Museu Histórico Padre Carlos Weiss.
“Retratos da cidade: o uso da fotografia para a recuperação de
fragmentos históricos de Londrina” é uma obra de nove autores, entre
alunos de graduação, especialização e mestrado, além do professor Boni.
Um dos capítulos trata de duas particularidades que permitem esse
resgate histórico-fotográfico local.
Um deles é o trabalho de publicidade feito pela Companhia de Terras
Norte do Paraná. Para divulgar as terras que pretendia colonizar, a
empresa utilizou a fotografia. “Eles levavam fotos de perobas imponentes
e de figueiras majestosas, que indicavam a fertilidade do solo.
Conforme foram derrubando a mata, fotografavam as primeiras lavouras, as
primeiras colheitas, a infraestrutura sendo construída”, contou Boni.
O outro fator é os imigrantes que aqui se instalaram, muitos deles
fotógrafos por ofício. “Conheço cidades do Mato Grosso com a metade da
idade de Londrina que não têm registros da sua história. Temos a sorte
de ter.”
Erro
Um dos capítulos do livro desmistifica um erro na história de uma
das principais avenidas de Londrina. A bibliografia sempre sustentou que
a Higienópolis, na própria origem, foi um reduto aristocrático, mas a
pesquisa constatou que a maioria dos moradores daquela via era formada
por industriais, comerciantes e profissionais liberais.
“Era a classe burguesa, não a aristocrática”, revelou Boni. “As
pesquisas em Londrina tiveram início na década de 1970. Alguém escreveu
coisas erradas, que não foram revistas, mas reproduzidas em outras
pesquisas”, explicou.
O erro só agora é corrigido graças a fotos da época e a pesquisas
orientadas por Boni, que indicaram quem eram os proprietários dos
imóveis.
Teoria e prática
“Retratos da cidade” deixa claro que a teoria pode e deve sair da
academia para ser colocado a serviço da sociedade. “Todos os capítulos
trazem a fundamentação teórica e as metodologias, com o olhar voltado
para a preservação da memória de Londrina.”
A diretora do museu, Regina Célia Allegro, viu na obra o potencial
para se tornar exemplo nas escolas e decidiu distribuir cerca de 300
exemplares a professores das redes municipal e estadual de ensino. É uma
tentativa de despertá-los para ações didáticas para a recuperação de
dados e a construção da história de Londrina.
Serviço
Lançamento do livro “Retratos da cidade”: 23 de outubro, às 20
horas, no Museu Histórico de Londrina. O exemplar será vendido a R$ 20.
Entrada gratuita.
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