quinta-feira, 21 de novembro de 2013

HÓSPEDES ILUSTRES NOS HOTÉIS LUXEMBURGO E FRANZ EM LONDRINA

Aos 80 anos, hotel de Londrina já foi palco até de aniversário real

Localizado no cruzamento da Av. Duque de Caxias com a R. Goiás, o Franz Hotel surgiu em 1932 como Hotel Luxemburgo e já abrigou presidentes - 1/11/2013 | 00:15
Fabio Luporini/JL
A grande procura por lotes na terra roxa fez com que muitas pessoas desembarcassem na Londrina que nascia no início da década de 1930. O pequeno hotel da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) já não era suficiente para receber tanta gente. Surgiram, a partir de então, diversas pensões pela cidade. Mas foi preciso construir um hotel. Inicialmente de madeira, com 25 quartos, o Hotel Luxemburgo era inaugurado em maio de 1932, na esquina das Av. Duque de Caxias e R. Goiás, onde até hoje está o Franz Hotel, nome que recebeu posteriormente.
“O primeiro dono foi um engenheiro alemão chamado Gregório Rosenberger, da CTNP. Inaugurado em maio de 1932, tinha 25 quartos com lavatórios e banheiros no corredor”, afirma Mário Jorge Tavares, autor do capítulo sobre o Franz Hotel no livro Hotéis históricos do Norte do Paraná, organizado pelo professor, pesquisador e fotógrafo Paulo Cesar Boni, junto com a professora Juliana de Oliveira Teixeira, que será lançado nesta quinta na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tavares pesquisou a história do que ele chama de “primeiro hotel comercial da cidade” em cartórios, museu, jornais antigos, entrevistas e até na Administração de Cemitérios e Serviços Funerários (Acesf).
Livro retrata hotéis históricos do Norte do PR
Do Hotel Campestre, inaugurado em janeiro de 1930 pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), o livro Hotéis históricos do Norte do Paranáfaz uma viagem por diversos estabelecimentos na região de Londrina: Luxemburgo, Triunfo, Cravinho, dos Viajantes, Berlim, Londrina/Coroados, Tókio, Sahão e Monções estão na publicação, organizada pelo professor, pesquisador e fotógrafo Paulo Cesar Boni em parceria com a professora Juliana de Oliveira Teixeira, ambos da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O livro, da sérieFragmentos da história do Norte do Paraná em textos e imagens, será lançado nesta quinta, às 10 horas, na sala 683 do Centro de Educação, Comunicação e Arte (CECA), na UEL. São 80 imagens, entre fotos e material iconográfico, de hotéis de Londrina, Rolândia, Apucarana e Maringá. Durante o evento, os exemplares serão vendidos por R$10.
Também organizado por Boni, será lançado ainda, na ocasião, o livro Memórias fotográficas – A fotografia e fragmentos da história de Londrina, com pesquisas de imagens pioneiras. O trabalho foi realizado em conjunto com a estudante Reineri Unfried e com o pioneiro Omelentino Benatto, colecionador de fotografias antigas. O livro traz também 80 imagens acompanhadas de depoimentos e pesquisas históricas e será vendido a R$10. Haverá ainda um bate-papo com os autores.
Um dos fatos que chamou a atenção durante a pesquisa foi o “grandioso baile” realizado no Hotel Luxemburgo em 1938. “Vi num recorte de jornal do Paraná Norte que o Gregório organizou o recital para comemorar o aniversário da grã-duquesa de Luxemburgo, Carlota [1896-1985]. Ela é filha do grão-duque Guilherme IV de Luxemburgo e de Maria Ana de Bragança. Os avós maternos da grã-duquesa eram o rei Miguel I, de Portugal, e Adelaide de Rosenberg, que coincide com o sobrenome de Gregório”, diz Tavares, que não soube dizer se há relação direta de parentesco.
Quando Gregório morreu, em 1939, o hotel passou para as mãos do filho, Ernesto Rosenberg, que o vendeu a Franz Hesselmann. 
“Durante a Segunda Guerra Mundial, passa a se chamar Hotel América, atendendo à proibição de estabelecimentos comerciais com nomes de países inimigos. É que Luxemburgo foi incorporado pelo Terceiro Reich”, ressalta Mario Jorge.

Somente em 1946 a primeira ala em alvenaria começou a ser construída. Dois anos depois, foram inaugurados os dois andares, com 58 quartos dotados de banheiros internos.
Mário Jorge descobriu que algumas personalidades passaram pelo hotel ou se hospedaram nele, como os prefeitos Willie Davis, Hugo Cabral e Milton Menezes.

“Dois presidentes teriam se hospedado ali: Eurico Gaspar Dutra, em fevereiro de 1948, e Getúlio Vargas, em setembro de 1950”, comenta Tavares. O hotel servia de palco para festas, formaturas, almoços e até carnavais.

De outubro de 1954 a outubro de 1956, o proprietário alugou o hotel e foi cuidar de terras. Ao retornar, reformou o espaço, que foi reaberto em 1957 sob o nome de Franz Hotel.
Franz, que dá nome ao hotel até hoje, morreu em 1974, quando a esposa Alzira e o filho Waldemar Hesselmann assumiram o estabelecimento. O filho de Waldemar esteve à frente do hotel até dezembro de 2000. Em 2004, o hotel foi vendido. “Sucederem-se outros proprietários, até ele ser adquirido por Augusto Mariano Filho”, o atual dono.
Maioria dos quartos está ocupada
Hoje com 59 quartos em dois andares, o Hotel Franz está quase inteiramente ocupado. De acordo com a locatária do imóvel, Maria Helena Mendes, muitos aposentados e trabalhadores alugam os quartos para morar. “Eu aluguei o prédio faz três anos e reformei tudo, pois estava feio e abandonado”, diz. Antes, ela era dona de um pensionato na R. Brasil. Hoje funcionando como hospedaria, o hotel tem quartos de casal ou solteiro.

“Você olha e parece que não tem ninguém, mas tem gente que já estava aqui quando eu comecei a alugar.”
Quando o JL visitou o hotel, havia apenas três ou quatro quartos livres. Além de Maria Helena, dois funcionários a ajudam no trabalho: um faz manutenção e outra cuida da limpeza. Tem gente que diz já ter ouvido assombrações pelos quartos do Franz Hotel. “Os hóspedes falam. Não sei bem se é verdade, mas eu nunca vi”, comenta Maria Helena.

Há sete anos, quando separou da esposa, Everson Gil Maturi, de 44 anos, foi morar na pensão que Maria Helena tinha. Há três anos se mudou para o Franz, numa suíte grande. “Aqui é superbom, fica no centro da cidade.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário